CONSENSO ESTABELECIDO PELO ENCONTRO REGIONAL DAS ASSOCIAÇÕES MÉDICO-ESPÍRITAS DO SUDESTE

CONSENSO ESTABELECIDO PELO ENCONTRO REGIONAL DAS ASSOCIAÇÕES MÉDICO-ESPÍRITAS DO SUDESTE (Rio de Janeiro, 7 e 8 de julho de 2012) – Em consonância com os Consensos Regionais das AMEs do Sul, Centro-Oeste e Norte-Nordeste

SOBRE A BIOÉTICA

  1. Ortotanásia, Eutanásia e Distanásia

A AME-Brasil tem como prerrogativa respeitar a morte natural. Os procedimentos médicos devem ser realizados respeitando os critérios estabelecidos de diagnóstico e prognóstico pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para que se evite a distanásia (obstinação terapêutica, ou seja, prolongamento do sofrimento sem benefício para o paciente). Nos casos de estado vegetativo persistentes (coma vegetativo) entendemos ser necessário respeitar a morte natural, propiciando ao paciente os cuidados paliativos necessários até a sua desencarnação.

  1. Morte Encefálica

A AME-Brasil segue os critérios vigentes do CFM, embora aguarde que em futuro próximo novos estudos possam demonstrar se o teste de apneia abrevia a morte natural.

  1. Doação e Transplante de Órgãos

Somos favoráveis ao transplante de órgãos conforme nos ensinam os benfeitores espirituais, porque eles geram benefícios. Esclarecemos ainda que:

  • Existe distinção entre desencarnar e morrer, os quais são processos individuais e diferenciados;
  • A doação de órgãos deve sempre estar ligada ao livre arbítrio, tanto do doador quanto da família;
  • Os familiares deverão respeitar a decisão voluntária e consciente do ente querido, tanto quanto a equipe médica a escolha da família, considerando sua dor e sofrimento, oferecendo o acolhimento necessário;
  • Quanto às questões espirituais, recordar os critérios legados por Francisco Cândido Xavier: desapego do organismo físico e das questões materiais.

 

  1. Eutanásia em animais

Somos contrários à eutanásia em animais de estimação.

Ressaltamos a necessidade de se utilizar os recursos terapêuticos disponíveis e de se buscar o suporte dos cuidados paliativos, visando favorecer-lhes a morte natural. Compreendemos, no entanto, que cada caso é um caso e que existem circunstâncias muitas vezes intransponíveis nas quais esbarramos com nossas próprias limitações humanas. Assim, cremos que a decisão final compete aos donos dos animais de estimação, tendo em vista principalmente esses casos especiais.

 

SOBRE AS TERAPÊUTICAS

  1. Terapêuticas Energéticas (Água Fluidificada, Passe)

Indicamos a fluidoterapia (passes e água fluidificada) como preconizada nas instituições espíritas e utilizadas nos hospitais onde a mesma é praticada. Esclarece que é terapêutica complementar e não substitui o tratamento médico convencional. Contraindica o uso de objetos pérfuro-cortantes, entendendo que as intervenções espirituais são realizadas no períspirito.            Contraindicamos a mercantilização ou qualquer outro meio de remuneração, recomendando a prática gratuita.

  1. Terapia Complementar Espírita

Consiste a Terapia Complementar Espírita:

  • Encorajamento à saúde;
  • Autoconhecimento e reforma íntima;
  • Cultivo da oração;
  • Evangelhoterapia (evangelho em família);
  • Fluidoterapia (passe e água fluidificada);
  • Diálogo terapêutico
  • Atendimento fraterno
  • Desobssessão;
  • Serviço ao próximo
  1. Homeopatia

Não temos dúvidas, assim como o Ministério da Saúde (Portaria 971, 2006) em reafirmar que a homeopatia é “um sistema médico complexo de abordagem integral e dinâmica do processo saúde-doença, com ações no campo da prevenção de agravos, promoção e recuperação da saúde”. Sendo assim, a sua incorporação pelo movimento médico espírita é uma importante estratégia para a construção de um modelo de atenção centrado no cuidado integral, corpo-mente-espírito. Contudo, há ainda entre os homeopatas divergências quanto ao melhor modelo de aplicação desta racionalidade, gerando desnecessários conflitos, retardando seu necessário avanço.

Após levantarmos estes questionamentos e posicionamentos, sugerimos à Comissão Organizadora do MEDINESP 2013 dedicar uma parte do tempo (uma manhã, por exemplo) a palestras sobre Homeopatia e Espiritismo, visando o esclarecimento da população em geral e outra parte (tarde) para discussão interna entre os homeopatas das AMEs. Estes poderão, se o desejarem, participar da elaboração de um documento que permita esses posicionamentos democráticos, reforçando os pontos em comum das diferentes linhas de trabalho e pensamento. Com isso, ficaria mais fácil demonstrar que a Homeopatia é uma terapêutica cada vez mais necessária na prática do médico espírita para auxiliar o ser integralmente.

  1. Apometria, Cromoterapia, Iridologia, Cristalterapia e Florais de Bach

A AME-Brasil e AMEs associadas externam o máximo respeito aos que acreditam e realizam estas práticas, mas, devido ao cunho científico que norteia nossas atividades e pronunciamentos, ressaltamos que não há dados de pesquisas científicas que possam respaldar os resultados obtidos com as mesmas.

 

SOBRE A BIOLOGIA

  1. Determinismo Genético

Concordamos que o determinismo genético não existe, uma vez que o núcleo não é o único responsável pela manifestação fenotípica, mas também as organelas citoplasmáticas, conforme o revelado nas obras de André Luiz e corroborado pela ciência. O estudo de como os padrões de expressão são passados para os descendentes; como ocorre a mudança de expressão espaço temporal de genes durante a diferenciação de um tipo de célula e como fatores ambientais podem mudar a maneira como os genes são expressos – a epigenética – está na ordem do dia, e deverão ser aprofundados pelo movimento médico-espírita, apontando cada dia mais na direção de que é o Espírito Imortal o responsável pela escolha dos genes que decide manifestar e suas respectivas expressões.

SOBRE AS QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS

 

  1. Dependência Química – Ótica e Abordagem

Nós, da AME-Brasil e demais AMEs filiadas, compreendemos que o grande trabalho a ser desenvolvido está no campo da prevenção, sem desprezar a recuperação e amparo aos familiares dos pacientes.

Deveremos estimular a todo o momento o resgate da autonomia do sujeito, de forma a que este sujeito consiga enfrentar suas limitações, respeitado seu livre arbítrio.

Conscientes de que este problema merece abordagem transdisciplinar, devemos trabalhar em parceria com outras instituições que lidam diretamente com este problema, contextualizando a rede existente (CAPS-AD, ONGs, Instituições de Recuperação) – tanto no conhecimento desta rede, como em sua construção e na ativa participação da mesma. Para tanto, necessário que o médico espírita saia de sua zona de conforto e busque efetivamente resolver o problema desenvolvendo uma postura proativa, em busca de soluções conjuntas.

Devemos ainda fomentar a formação de núcleos de apoio e acolhida a usuários, assim como a formação dos companheiros da seara espírita sobre as questões da drogadicção, ainda desconhecida de boa parte destes.

Sugerimos e estimulamos as atividades de orientação pelas AMEs em escolas e demais núcleos sociais, com um discurso que transcende a questão espírita – na ótica social, de resgate da autonomia do ser, espelhando-nos para isso nos projetos já em curso: da AME-ABC e AMERGS.

  1. Homossexualidade

CARTA DO RIO DE JANEIRO

Nós, espíritas concordamos que possuímos bissexualidade psíquica e que o espírito imortal é assexuado.

Concordamos que a homossexualidade é natural, não podendo ser considerada como doença ou transtorno de personalidade.

Concordamos também que o espírito tem suas obrigações quanto a sua sexualidade e que devemos auxiliá-los neste processo independentemente de sua orientação sexual.

Não podemos generalizar os aspectos que levaram os indivíduos à homossexualidade, pois existem diferenças importantes em cada caso. Frisamos, contudo, que existe trabalho para todos, sendo nosso dever respeitar, acolher e propiciar oportunidades de serviço na seara espírita.

 

SOBRE A DIFUSÃO DO CONHECIMENTO

  1. Espiritismo e Espiritualidade

Concordamos em não abordar Espiritualidade dentro da academia de forma hegemonicamente espírita uma vez que esta abordagem mais estreita comprovadamente não contribui para a abertura da ciência ao paradigma médico-espírita. Ressaltamos, contudo, que a maioria das abordagens de espiritualidade que vão à frente na academia são dirigidas pelo movimento espírita.

Cada grupo deve escolher os temas conforme a realidade de sua academia, auscultando qual a abordagem mais apropriada (humanização, bioética, abordagem espiritualista ampla), respeitando, desse modo, as diferenças, adequando a linguagem com embasamento em nossa literatura, de forma a tornar o processo mais consistente, evitando tanto quanto possível as controvérsias.

Para isso, cabe as AMEs e DA-AME-Brasil fomentar seminários e simpósios na academia que não somente estudem a espiritualidade, mas que possibilitem a prática desta espiritualidade junto ao paciente. O trabalho de divulgação e estudo do paradigma saúde-doença deve começar desde a evangelização infantil, até a universidade, de forma a tornar o terreno propício ao desenvolvimento da espiritualidade na academia. Recomendamos exemplos já em andamento como o da Prof. Eliane Oliveira, do Prof. Décio Iandoli (AME-MS) e do Prof. Gilson (AMERGS)

Continuaremos a estimular as LIASEs (Ligas Acadêmicas de Saúde e Espiritualidade) conduzindo-as de forma a discutir dentro delas o paradigma médico-espírita, como um entre os espiritualistas. Talvez assim suas proposições possam ser assumidas pela academia e em futuro próximo as os Institutos de Saúde possam ser aceitos como polo de estágios neste campo.

SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA E A PRÁTICA DA BENEMERÊNCIA

  1. Institutos de Saúde

PARCERIA AME-CENTRO (INSTITUIÇÃO) ESPÍRITA – CONCEITOS

O INSTITUTO DE SAÚDE (IS) é um departamento da AME que visa cumprir duas das três funções basilares do movimento médico-espírita: 1) Assistência – Benemerência 2) Pesquisa científica. Para dirigir esse departamento, os Diretores da AME devem designar colega que seja idealista e atuante.

O presidente da AME e o diretor do IS, interessados na parceria, devem procurar o presidente do Centro (Instituição) Espírita e solicitar a ele, e consequentemente à diretoria da Casa, que seja concedido à AME um espaço nas atividades da Casa.

Qual seria o espaço solicitado? Um dia na semana para a realização de um trabalho conjunto AME- frequentadores da Casa, que vise o tratamento de pacientes com a utilização da fluidoterapia (Passes e Água fluidificada). Nesse dia, dentro da Casa que a acolhesse, funcionaria o IS da AME, um ambulatório destinado ao atendimento de pacientes que possam deambular, com a finalidade de aplicação da fluidoterapia, um dos elementos primordiais da Terapia Complementar Espírita. Evidentemente, no momento, estamos falando de um ambulatório virtual, que funcionaria tão somente dentro de uma estrutura espiritual, não física.

E por que dentro da Casa Espírita? Porque somente como elemento próprio da fé religiosa é possível aplicá-lo como terapia em favor da saúde humana, sem a grave acusação de curandeirismo. A intenção, portanto, dos IS é auxiliar gratuitamente a comunidade sofredora, mas é também a de produzir pesquisa científica, de modo a quebrar o paradigma materialista arcaico e guindar a fluidoterapia à posição de terapêutica natural da práxis médica. No futuro, portanto, a esperança é de que os IS se transformem em ambulatórios médicos legítimos com ampla aplicação da Terapia Complementar Espírita.

REGULAMENTO

Modelo da parceria AME-CENTRO ESPÍRITA:

Nossa proposta inicial é que os IS tenham uma estrutura muito simples e funcional:

  • A AME compete a direção dos trabalhos por uma noite ou um dia na semana dentro da Casa (Instituição) Espírita.
  • Os passistas serão os médicos, profissionais de saúde, estudantes de medicina e demais áreas da saúde, frequentadores da Casa Espírita, enfim, os que desejarem atuar como agentes de saúde.
  • Os pacientes serão os que espontaneamente procurarem a Casa Espírita, ou ainda os que forem encaminhados por colegas médicos e frequentadores da Casa.
  • Os médicos deverão incumbir-se da aplicação dos questionários de pesquisa e das fichas de follow-up
  • O médico responsável pelo Instituto de Saúde providenciará para que o Departamento de Pesquisa Científica da AME-Brasil receba todas as informações necessárias, visando contribuir para as pesquisas científicas sobre fluidoterapia.

FUNÇÕES DO MÉDICO (A) RESPONSÁVEL PELO INSTITUTO DE SAÚDE

Compete ao (à) responsável pelo IS:

  • Designar para o bom andamento das reuniões a(s) pessoa(s) com a incumbência da prece inicial, a leitura de O Evangelho Segundo o Espiritismo e o breve comentário (15 a 20 minutos) no início dos trabalhos para a harmonização espiritual do ambiente junto aos doentes.
  • Designar a(s) pessoa(s) que tem a incumbência de recolher os cartões dos pacientes, que vão ser atendidos. No cartão devem constar: data do início e do término do tratamento, número de passes, breve orientação para a eficácia do tratamento.
  • Estipular um tempo mínimo de 4 semanas de passes para cada paciente, mas deve ficar atento ao número de passes, que será estipulado pelo Departamento de Pesquisa Científica.
  • Conhecer pessoalmente a equipe de passistas com a qual vai trabalhar, constituída de médicos, acadêmicos de medicina, universitários em geral, frequentadores da Casa Espírita, assumindo, com eles, o compromisso de levar adiante o ideal do ambulatório espiritual como legítimos agentes de saúde.
  • Incentivar os médiuns passistas a prepararem-se para as funções de cura, com preces e meditação, durante o período de harmonização da reunião, enquanto é feita a prece e a leitura do texto evangélico junto dos pacientes.
  • Promover, se necessário, cursos de formação dos passistas e dar orientações sobre a rotina a ser seguida nos trabalhos de cura.
  • Designar colegas, acadêmicos de medicina, participantes da AME, para a aplicação do questionário-padrão que os pacientes deverão preencher com vistas à pesquisa científica, tanto no início, quanto no final do tratamento.
  • Designar colegas, participantes da AME e acadêmicos de medicina para o preenchimento de ficha-padrão com anotações de um breve follow-up, após os trabalhos de fluidoterapia.
  • Orientar para que o trabalho de fluidoterapia seja realizado dentro do tempo determinado pelo Departamento de Pesquisa. Até o momento, a duração máxima tem sido de uma hora.

Manter um clima de harmonia e fraternidade com os parceiros da Casa Espírita, zelando pelo bom funcionamento espiritual do IS.

Rio de Janeiro, 8 de julho de 2012

ENCONTRO REGIONAL DAS AMEs SUDESTE

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